Cada macaco no seu galho

Somos mesmo um tipo estranho que merecia ser estudado por outros que não nós mesmos, para que houvesse o distanciamento necessário para a crítica mais cruel e a sentença menos desejada. De sabedoria, nós, sapiens, demonstramos vez ou outra usar muito pouca, tendo ao longo de toda uma existência assumido o protagonismo em genocídios (sustentados numa suposta superioridade inexistente) e em extermínios (seja por capricho, defesa ou pura ignorância).

Mas aprender é justamente a capacidade de passar o melhor de nós para frente. Crescer com erros e evitá-los, sempre que possível, mostra inteligência, perspicácia e bom senso de sobrevivência. É o que nos manteve – e ainda nos mantém! – a salvos neste mundo tão interligado.

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É pela capacidade de aprender com sua própria história, que fico realmente consternado ao ler que alguns de nós têm se lançado numa caçada pouco inteligente a macacos como se coubesse a eles a responsabilidade pela recente epidemia de Febre Amarela, que depois de assustar no início do ano moradores do Espírito Santo e de Minas Gerais chega a São Paulo às vésperas do verão/período chuvoso.

É a nossa velha mania de criar historinhas de vilania e com heróis bem definidos (fáceis de aceitar). Mas sinto desapontá-los com o que escrevo: os macacos não são os carrascos da vez, nem podem ser acusados por essa ou qualquer outra doença das quais são tão, ou talvez mais vítimas do que nós! Eliminá-los mostra profundo desconhecimento e irresponsabilidade para com uma cadeia indissociável de vida e que acaba por afetar a todos, incluindo você e eu. É o símbolo de uma superioridade atrelada a mais grave ignorância.

Torço e peço para que esse assunto se torne a bola da vez em nossas escolas. Precisamos propagar a mensagem para nossas crianças de que somos parte, não donos da natureza. Utilizemos a educação como vetor de disseminação de uma informação precisa e realmente eficaz para o combate do mosquito Aedes Aegypti, também responsável pela transmissão de diferentes tipos de Dengue, pela Chikungunya e pelo Zyka.

E que seja também o começo de uma conscientização verdadeira capaz de gerar perpetuidade na conservação de nosso entorno…  Que não percamos tempo tentando achar vilões para mascarar a nossa responsabilidade, da destruição inconsequente de ecossistemas, de um progresso que gera poluentes extremamente danosos e que bagunçam o clima do planeta, e daquela quantidade assombrosa de lixo que é descartado todos os dias sem o devido tratamento.

2 comentários em “Cada macaco no seu galho

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