O que aprendemos em um ano?

Parece um lugar comum frequentado por boa parte de nós os piores desejos em relação aos políticos (sem distinção entre os que exercem a boa da má política), a vontade de se ter um “mito” a frente da pátria, o apelo a uma intervenção militar e a eterna ladainha, um ano após um golpe às claras que ensinou detalhadamente como funciona o sistema político-corrupto nacional, de que tudo ainda é culpa do Lula e da Dilma, do PT, numa santa inocência (ou ignorância) reducionista de quem parou no tempo ou deixou de acompanhar em algum momento as notícias de lá para cá. 
 
Mas não dá para desistir, não dá para parar de argumentar e oferecer mais do que chavões e expressões de apelo instantâneo. O problema é mais embaixo, a nossa crise é mais profunda e, diante de tudo isso, a única chance viável de voltarmos firmes ao jogo vem com mais informação e bem mais conscientização – não com aqueles que acompanham e compactuam com nossas ideias, mas para com todos os outros que parecem ter jogado a toalha e partido para o tudo ou nada recorrendo a modelos, tipos e cenários historicamente comprovados um FRACASSO.
E a “Escola Brasil” não cansa de nos ensinar a duras penas que velhos esquemas ainda continuam sendo praticados sem a menor cerimônia. Dá-lhe flagrantes no Mato Grosso, dinheiro na cueca, na mala, socado no paletó. É o decreto presidencial tocando no que deveria ser intocável. São cargos distribuídos em troca de um “sim, pode ficar aí onde está”.

Vai além da política: é uma passageira que é violentada num ônibus da maior cidade do país por um abusador com extensa ficha criminal, mas que mesmo assim é liberado por uma justiça que dribla o senso lógico. É mais um MC (o “Livinho”) que faz apologia aberta ao estupro em sua nova música, mas que diz perante ao que ele chama de “família mimimi”, que não tem “nada a ver”. Pouco mais de um ano de um caso parecido envolvendo outro MC (o “Biel”), vejam só… A mesmíssima história de repetir erros num Brasil desacreditado do que é certo (e deve ser feito), e principalmente daquilo que é errado (e não pode ser feito).

Mas ainda assim, não dá para cair no jogo deles e partir para extremismos imediatistas. Viver online e num Brasil tão descrente de valores humanitários e democráticos requer jogo de cintura, paciência para contar até dez (e repetir essa contagem algumas vezes), habilidade para respirar fundo enquanto lê e relê respostas atravessadas no segurando para não cair na tentação de mandar à merda aquilo que nos parecer imbecilidade ou estupidez. Porque como bem escreveu certa vez o matemático Bertrand Russell, “a estupidez coloca-se na primeira fila para ser vista; enquanto a inteligência coloca-se na retaguarda para ver“.

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