O que há por trás da condenação de Lula?

É o fim de parte de uma investigação que deu pano pra manga, a acusação de um ex-presidente da república, um sítio, aquele triplex, num quadrante capaz de unir na mesma trama São Bernardo do Campo, Brasília, Atibaia e Guarujá. Uma quadrilha – a do acusado ou a do acusador? – capaz de dividir o país e ampliar ainda mais as nossas diferenças.

Levantou suspeita de que a decisão do juiz Sérgio Moro de condenar Lula (em primeira instância, respirem!) justo no dia de hoje a mais de nove anos de prisão fechada seria a transformação da Operação Lava Jato na mais nova e esperada Operação Abafa. Muda-se o foco e a atenção, a gritaria e o esperneio, a festa e a êxtase que ontem eram todos da Reforma Trabalhista, aquela, lembra? Que passou no Senado Federal, vejam bem, com Aécio Neves dando o seu aval e outros tantos acusados comemorando vitória. Isso até hoje, quarta, meio da semana… Vai saber o que nos reserva o noticiário de amanhã!

Entenda como quiser, o começo ou o fim da luta. De dentro das profundezas de sua tristeza ou felicidade, concentre nos protagonistas e não em todos nós coadjuvantes a ira, ironia, frustração ou empolgação diante dos fatos. Não tenha a tolice de esperar a solução dos problemas, um refresco neste inferno ao qual mergulhamos com paixão. Pelo contrário: apontando o dedo para Lula de forma tão enfática enquanto desconversa em relação a outros delatados, dá-se munição para que a histeria coletiva chegue ao ápice com a escolha de um mártir e/ou a definição do demo. Aos que esperavam Lula lá na presidência em 2018, é de considerar a chance de vê-lo preso e como nunca na história desse país, inelegível.

 

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