Vítimas

É numa não-linearidade caótica, tumultuada e conturbada que erguem-se arranha-céus, que se formam trânsitos, filas e histórias que não cansam de nos surpreender. São mais de duas horas entre casa e trabalho, trabalho e casa, sem que tire a garra, a força de vontade e o sorriso no rosto entre um bom dia e outro.

Do trabalho para a escola, a faculdade, o curso… fechando o dia no bar, na balada, teatro, cinema ou exposição. O assunto da padaria que sobe no ônibus, atravessa bairros e chega nas mais diferentes versões de uma mesma história. É a transgressão, a ruptura, a inovação que vira moda, estilo e, que quando se vê, é bandeirante Brasil à dentro.

São Paulo não é o concreto, o produto interno bruto, a bolsa de valores, dinheiro, sonho ou frustração. São Paulo são pessoas num sotaque distante daquele “r” carregado. As ruas soltam um “uai” de vez em quando, puxam o “s” e se dizem arretados.

É reducionismo onde cabem 200 milhões de brasileiros refletidos em seus 12 milhões de habitantes. É mistura, coxinha e mortadela, bauru, pizza, sushi, baião de dois, feijuca com espaço pra cerveja gelada, acarajé e cafezinho com pão de queijo, pão com ovo ou só na chapa.

É cidade, nome de estado, de santo, que abraça e sabe ser cruel… É temperamental e única nesta mistura de forças e fraquezas que insiste, apesar da árdua jornada, em manter o sorriso no rosto. É fria e quente, nos faz perder o ar e estremecer! O frio de São Paulo faz transpirar. Plural, eclética, uma feira cultural aberta para tudo e todos. Somos vítimas.

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