Intervém naquilo que convém

Intervém naquilo que convém numa rima imposta por significados. A solução política da crise de representatividade de um estado fraco fingindo-se forte. É discurso. E na marra. Na força. A tal metástase… De farda e pouca aptidão ao novo ofício. Mas é guerra, ou não é? Vendendo assim talvez seja. É matar e morrer em números descompensados neste Brasil pacífico. A paz de quem?

Corrompendo diferentes instâncias, subindo e descendo o morro, no Rio de Janeiro e bem longe dali, o alimento da carnificina. A vida vale pouco. O dinheiro fácil, o sobressalto de bravura e a impotência na truculência de um sistema assassino. A vítima algoz que fuzila inocentes e uma intervenção que silencia a voz oprimida na solução fácil do tal “bandido bom que é bandido morto”.  Só que surgem outros e piores… Até fardados.

O cárcere não resolve o problema. Em presídios superlotados, escolas do crime pontuadas por rebeliões, fugas, chacinas. O terror vem de dentro como ordem: invada, queime, mate! Por sobrevivência ou por simpatia há de ser parte do grupo, facção, comando ou partido, que se enfrentam e se fortalecem na estrutura de poder interna. Com suas armas, drogas e celulares… Com sua influência e poder de decisão. Controlam um morro inteiro de dentro de uma cela apertada, circulando num pátio falsamente vigiado. E quando a liberdade é concedida, ela vem presa ao estigma do passado. É bandido! O recomeço de tudo.

A solução estrutural, profunda e definitiva é menos barulhenta do que tanques saindo beira-mar até a Rocinha, o Vidigal. Zero apelo midiático na histeria coletiva turbinada por um ano eleitoral. O grito de basta, o choro da perda sufocados. A jogatina aberta com a inocência perdida em milhares de vidas numa terra sem estudo, sem saneamento e condições básicas em luta constante por cidadania. A falta de ocupação, trabalho, de recompensas justas e de oportunidades reais para a virada de chave.

Já que não custa pedir, intervém, mas naquilo que convém? Que seja com mais educação e justiça social, mais cultura, esporte, mais esperança e crença de que o lugar onde nasce seja possibilidade e não condenação. Sem preconceitos e distinções. O Estado no papel que lhe cabe de garantir o futuro dos cidadãos que o suportam… E não empurrá-los de vez para o buraco.

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