Capítulo 3 – Cheiro de Amor

Capítulo Anterior: 2 – Sexo Verbal

Como definir o cheiro dele e o cheiro dela? Como chegar a um consenso sobre o perfume de quando eles se misturam, embolam, friccionam sem saber onde começa um e termina o outro?  Como traduzir a fragrância da vontade, da necessidade e intensidade que, mesmo que de forma não lógica, os absorve, domina, lançando-os com tudo dentro de um jogo de atração, retenção e dominação. Caça e caçador postos a se provocar, naquele instante, sem esperar nem mais um segundo… Esqueçam as frescuras!

Ele passa o nariz no pescoço dela provocando um leve desconforto, cócegas, que aumentam e a fazem contorcer. Ela tenta concentrar em qualquer outra coisa, levar o pensamento para longe, mais sua respiração está ofegante demais e é como se nada dela obedecesse ao comando de “vai com calma”. Ela se entrega. Quanto mais tenta não pensar nele, no quanto ele é capaz de provocá-la apenas deslizando o rosto em seu corpo, sente-se derreter por dentro. É tudo muito sutil, porém intenso como um furacão. O ar quente que sai da respiração dele, em contato com a pele dela, que os deixa completamente arrepiados e preparados para o ato.

Que cheiro deliciosamente doce ela tem… Que cheiro másculo o dele! É cheiro de desejo, de perfume, de shampoo cítrico nos cabelos, de creme dental, de batom nos lábios, de loção pós-barba, de desodorante, de pele se aquecendo e aquecendo ainda mais, de sabonete recém-deslizado sobre a pele,  de lingerie nova, de sexo umedecido, de lubrificação natural, de látex, de peles em atrito, de mais lubrificação, de suor, de tesão explodindo feromônios no ar e aguçando ainda mais os sentidos daquele casal, que se entrega, se ama, se fode e transborda em notas olfativas harmônicas totalmente complementares. É uma forma diferente, completamente nova, de experimentar e sentir aquele momento. Eles tentam prender o ar e de repente é como se de fato o perdesse, ficando apenas o vazio, o silêncio, a respiração que volta lentamente a recuperar o ritmo.

É a essência que desperta em ambos os instintos mais libedinosos. Dois animais experimentando o odor da conquista, dominando um ao outro com a fragrância de seres vencidos pelo prazer. Aroma que fica nos lençóis, na cama, impregnado em cada canto daquele quarto. Cheiro de amor, de sexo, de foda. É o odor que impregna na pele por horas, acompanhando-os mesmo depois de estarem longe. É o cheiro que carregam um do outro e que jamais poderá ser esquecido; aquele que agora pertence à lembrança que cada um tem e que aconteça o que acontecer, é autoral e insubstituível.

Continuação: Capítulo 4 – Comer, Transar e Amar

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