De um lugar chamado meu

De um lugar não tão pequeno quanto se possa pensar que é, mas não tão grande quanto tenta ser. Não pelo PIB, pela extensão de suas terras, pela altura dos prédios ou pelo número de habitantes, mas sim pela grandiosidade que cada um que vive ali carrega dentro de si.

Um lugar em que as pessoas são reconhecidas pelo sobrenome, quando não chamadas por seus nomes. Um lugar relativamente novo, há pouco na fase adulta, mas que de longe criou “maturidade”, “identidade” e “personalidade”. Quando você é responsável por explorar um espaço e fazer dele a sua casa, você redefine o conceito de propriedade e se lança além dos muros. Não sem perder o vínculo, o sotaque, o orgulho. De Timóteo, com “e”, e não “Timótio” com “i” para o mundo.

No meio de montanhas, incrustada em um vale fundido a metal. O aço inox permeando relações. Operários e exploradores e empreendedores e empresários… Desbravadores. Que coragem é essa que os fez contornar montanhas até ali, no meio de um nada, e começar suas histórias? Que resiliência é essa que os faz suportar a lida, o sol escaldante na fusão do ferro com o cromo? A brisa que não vem, que passa lá no alto. O suor da resistência, do “vamos em frente”, após tantas gestões tentarem destruir o que foi construído. Não tem surpresa… Povo refletindo as características do metal: resistente a altas temperaturas, possível de ser moldado, fácil de ser “limpo”. Em cada recomeço uma nova polidez, o brilho, a esperança.

Timóteo que ainda é Acesita (e Arcelor Mittal e Aperam), a capital do inox e o portal de entrada do Parque Estadual do Rio Doce. Do Campestre, do Alfa, do Choupana, do SESI, do “clube”. Da igrejinha do centro, a “praça”, e a do morro do Timirim. Do Pico do Ana Moura, do Oikós, do luar gigante. Da Fundação Acesita e do Ginásio. Dos botecos em postos de gasolina, da feira de domingo. Do meu Colégio Dom Bosco, da saudade que sinto dos meus professores e amigos, do vôlei domingo com meus primos no portão da casa da vó. Da caminhada às seis da tarde na reta do Serenata, dos grupos de corrida e de pedalada… Do feijão com tropeiro, da traíra desossada.

Tanta coisa boa junta que só com um certo distanciamento consigo enxergar e valorizar. Talvez eu tenha demorado tempo demais para reconhecer, mas agora, depois de tantos anos longe, posso finalmente entender o quanto você está em mim, e como eu amo isso. Parabéns e muito obrigado, Timóteo!

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