Na Hora da Raiva

Na hora da raiva a gente xinga, grita, explode e ofende pelo prazer de estar certo e, principalmente, de mostrar que ela, a pessoa, está errada. Para ganhar no grito, com os insultos mais baixos e violentos. Resgatando os piores momentos, aqueles que jurou um dia terem sido superados; recriando situações conforme a sua interpretação dos fatos.

Na hora da raiva a gente se pergunta o porquê de estar passando por tudo isso e conclui, sem a ajuda de ninguém, que não, não merece aquilo. Fala sozinho, ensaia o discurso e torce para ter coragem de falar tudo o que precisa ser dito, cuspido, vomitado em cima do outro. E quando as palavras saem mais fortes do que deveriam, pode bater um arrependimento de ter começado, mas decide não abaixar a guarda. Dali para a frente, medindo força até que um jogue a toalha. Que seja você…
Na hora da raiva você rasga fotos, jura esquecer os melhores momentos, quebra copos na parede (como nas cenas da novela das 9). Você manda ir a lugares inexistentes, tomar aqui e ali (de acordo com seu conceito do que é um insulto) e põe na roda quem não tem nada a ver com a história. Sobra para tudo quanto é puta, mãe e égua. Coitadas…

Na hora da raiva você junta suas coisas e promete nunca mais voltar. Sabe que quando passar pela porta, as coisas serão diferentes e você será obrigado a sustentar a sua decisão. Você encena, dramatiza, ameaça e espera uma reação a altura. E se ela não vier? E se você de fato tiver que ir embora para nunca mais voltar?

Você pega o violão, na hora da raiva, e sente que precisa voltar a sua voz ao tom normal. Para de gritar e canta! Respira fundo e coloca pra fora: “pensei que te odiava, mas vi que eu te amava”. Sai tudo tão gostoso de ouvir que parece até música…

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