Só sei que nada sei

Dizem, sem qualquer constrangimento, que a ignorância é uma benção. Não saber o que se passa, o que perpassa ou o que (e também quem) trapaça, permitiria uma vida tranquila, sem aporrinhações e dores de cabeça. Dizem, repetimos, atestamos.

Falam por aí que o conhecimento liberta. Há quem argumente que SÓ ele liberta. Esqueçam todos os outros subterfúgios, rotas de fuga ou chaves encontradas para cadeados complexos em emaranhados de suposições e teorias. A leitura, toda troca, o entendimento, a profundidade em que permitem afundar, desprenderiam as amarras que atrofiam, seguram e paralisam. Falam, questionamos, quebramos paradigmas, criamos novas verdades – as nossas.

Prepare o bolo, junte os ingredientes, materialize-se em clichês sem respostas. A ignorância é uma benção e o conhecimento liberta… Seria então fácil concluir que a prisão do não-saber é sim uma maravilha a ser celebrada? Ou ainda admitir que por trás de uma genialidade admirável se esconde a grande maldição humana? A prisão, a dádiva, a liberdade e a maldição; o convívio nada trivial de quem no fundo não sabe de nada, inocente.

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