Chega (a violência é mais do que um número)!

A violência irrompe vidas. É um relato que assusta, uma imagem que aterroriza, o depoimento de uma mãe que acaba de perder o filho dentro de casa, na sala, atingido por uma bala perdida enquanto brincava. É a foto de um pai desconsolado após ver a filha se tornar mais um número da violência que chega a qualquer hora, em todos os lugares… Ali, depois de um culto, quando ia para casa.

A violência não pede licença e acelera sobre nossas vidas. É a estupidez que não pede passagem e atravessa vidas em curso sem avisar.  E nos pega de jeito, tira do prumo, atropela sonhos de quem ia ou voltava de algo importante, de mais um dia de trabalho, de um compromisso que era vida ou morte ou o infortúnio de estar no lugar e na hora errados. Somos jogados de escanteio e viramos parte de uma triste e dolorosa estatística.

Ela, a violência, vem em um estrondo, silenciosa ou ensurdecedora, e de onde menos se espera. É parte da rotina, calculada e dada como certa embutida em preços. O preço da paz que não existe cobrado sem alternativas.

Justiça seja feita (nem que seja a divina, acreditem) da esperança de que não façam vistas grossas ao aumento das ocorrências e que tratem vidas como é de direito: com a dor de um pai e de uma mãe que acaba de perder um filho, da criança que crescerá sem pais, com todos aqueles sonhos que foram enterrados, com a forma como você valoriza a sua própria existência.

Não, não é apenas um número, embora chegar a quase 70 mil pessoas silenciadas pela violência urbana no Brasil somente neste ano devesse ser mais do que suficiente para que bradássemos CHEGA ao invés do esperado susto e temor, da nobre compaixão e da tristeza e do inconformismo de sempre. CHEGA, não dá mais.

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