Chover no Molhado

Não tem como chover no molhado, ficar repetindo, dia sim dia não, a grande sandice que é a vida política brasileira.  Aécio, Temer, Zezé Perrella… Esses passarão e outros tantos virão. Trocamos seis por meia duzia e vivemos neste eterno acredita-descobre-esperneia, em uma sociedade que ainda é fantoche das (poucas?) investigações em curso. Qual o tamanho do buraco? Até onde chegam os tentáculos da corrupção? Como separar o que acontece lá do que se desdobra aqui entre nós?

O grande ponto não é a obviedade de tirar do cargo público quem não tem condição moral de tocá-lo. Ou de punir e prender quem rouba, desvia, corrompe. Ou de confiscar o dinheiro lavado. Isso é o esperado, numa ação de causa e efeito quase protocolar. Função da justiça, a cargo da polícia, sustentado por leis, amparado pela constituição. Fez, pagou.

A principal questão é como podemos construir uma estrutura que não favoreça a corrupção, que não facilite a vida e o mau-caratismo desta que parece ser a maior parcela dos empresários e políticos de sucesso deste país, e que é uma escola para uma sociedade que adorava, até pouco tempo, usar o “jeitinho” como um ativo nacional.

Estamos batendo cabeça aqui. Queremos vingança e desejamos o fim, não dos escândalos, que enchem o saco como movimentam as discussões no boteco, mas o das figuras públicas envolvidas. Personificamos os crimes e deixamos de ver com uma lente mais abrangente que esse ou aquele político são engrenagens de uma estrutura podre, falida e que precisa ser redescoberta, redesenhada, para o nascimento de um novo país.

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