Cidadãos de um País do Futuro que Nunca Chega

Não resta a menor dúvida que precisamos de uma outra política, de novos representantes, de um sistema que dificulte, e não facilite a prática da corrupção como esse que temos hoje. Mas deveria causar no mínimo estranheza, ou a mais alta suspeita, que o mais rançoso da velha política se sinta no dever de propor mudanças debatendo alterações no que vem sendo praticado sob a defesa de “necessário”, “fundamental”, “imprescindível”. Com que moral?

Ainda que seja mais do que óbvio tratar de reformas que sustentem um novo começo adequando o país a práticas mais modernas e eficazes de gestão, resolvendo questões incômodas e difíceis de administrar, sanando problemas e trazendo alternativas para aqueles gargalos que serão insustentáveis a médio e longo prazo, não parece certo que boa parte dos deputados, senadores, ministros, que aquele presidente, estejam à frente disso. Repito: com que moral?

Com nenhuma moral. Trata-se de uma gente cada vez mais suja e envolvida em escabrosos escândalos negociando o futuro do Brasil sem a transparência necessária. Como confiar que dali, daquele ambiente contaminado pelas piores práticas possíveis, possa sair uma solução que contemple eticamente os anseios da nação? Como pensar que o que querem é o bem social e não a permanência no poder com as regalias de sempre?

Será que precisamos de reformas, alguns remendos aqui e ali, semi-presidencialismo ou parlamentarismo, distritão agora para distrital depois, ou o que quer que seja  vindo do voto de uma gente envolvida até não sei mais onde no assalto da nação?

Não, apesar de necessitarmos urgentemente de uma completa e embasada ruptura no que está mais do que provado ser um convite a má política, precisamos que seja liderada por gente que inspire a mínima confiança, ficha limpa, sabe? Políticos sem processos nas costas e que não usem da imunidade parlamentar como uma cartada para fugirem da cadeia.

Ao deixarmos que protagonistas de tantos escândalos desenhem o futuro, ao permitirmos que tramem descaradamente em benefício próprio, acabamos invariavelmente, comprando a ideia de cidadãos de um país do futuro que nunca chega.

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