Michel Temer autoriza loteamento da Amazônia

Ter a maior parte da Amazônia em nosso território é um daqueles troféus que gostamos de ostentar alardeando um discurso ufanista sobre a riqueza de sua fauna e flora, a importância dela que é “o pulmão do mundo” e que representa, em toda a sua extensão, mais da metade das florestas tropicais que ainda resistem à ação do homem. Nos exibimos como guardiões de sua majestade, nos promovemos a sua custa e só. O resto é a mais pura vergonha.

Acompanhamos o avanço feroz do gado e da soja; grileiros de terra expulsam comunidades e invadem reservas indígenas; contrabandistas de espécies raras de animais e plantas atuam sem serem punidos adequadamente pela gravidade do crime que cometem; madeireiras clandestinas driblam facilmente a incipiente – e suspeito, proposital – falta de fiscalização jogando abaixo árvores sem as quais a mata fechada logo se revela um decampado contabilizando em não sei quantos campos de futebol como reproduz a grande mídia e que abre espaço a um pasto até que se mostre um solo empobrecido, arenoso, desértico. Abandono.

Desequilíbrio em toda a cadeia alimentar, extinção de espécies ainda não estudadas, o meio ambiente que sofre e manda a conta por tamanho desleixo. Ecossistema e clima interdependentes que reagem e nos impõem uma conta difícil de pagar. É a falta de chuva, o desabastecimento de água, a crise hídrica que chega ao sudeste, um exemplo de que sim, é um problema nosso.

Por fim, uma canetada de um presidente sem escrúpulos ou respaldo popular, mas com autoridade para permitir que mineradoras iniciem uma nova caça ao ouro na região, legalizando o desmatamento e acelerando a destruição do que deveria ser cada vez mais protegido. A justificativa dada por Michel Temer é de que:

“o governo não alterou nenhuma reserva ambiental da nossa Amazônia”.

E explica sua linha de raciocínio:

“Reorganizamos uma área mineral, hoje alvo do garimpo. É bem diferente. Nosso compromisso é com o desenvolvimento sustentável da Amazônia, unindo preservação ambiental com geração de renda para as populações locais”.

Utiliza-se assim a própria incompetência governamental de fiscalizar garimpos para abrir um espaço maior do que países inteiros (Dinamarca, Noruega) à exploração mineral que não estará nas mãos das  “populações locais” como propagandeia, mas nas dos políticos e empresas que, semanas atrás, mancomunados, ajudaram Temer a permanecer no comando do país.

A que preço, meus amigos? A que preço… A Amazônia não é um bibelô, entendam isso. Ela é fundamental ao Brasil, aos brasileiros (incluindo aqui todas as espécies vivas existentes em nosso território) e é nossa obrigação dizer que não, nós não aceitamos que um senhor da estirpe e do caráter de Michel Temer a loteie entre os seus comparsas.

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