Crescer com 2017

Num ano em que todos nos expusemos mais do que deveríamos, entendi ser hora de buscar o que foge aos olhares estranhos, interpretações imediatistas e percepções irreais daquilo que realmente dói, incomoda e perturba. O mundo fácil das poses em lugares paradisíacos, dos corpos trabalhados sabe-se lá a qual custo (e atalho), os sorrisos descarados em flashs que desmontam assim que a luz se apaga e que refletem, uma hora ou outra, a angústia de almas desorientadas.  
 
Vi todos envelhecerem na ordem natural daquela vida pregressa (a que tem início, meio e fim), soube de amigos que desistiram da árdua luta que é sobreviver num mundo cruel de certezas incertas e acompanhei o desmonte de fortalezas que acabam por nos obrigar a enfrentar demônios particulares que jurávamos adormecidos. 
 
Envelhecer não é moleza e as tantas dificuldades essenciais para esculpir almas robustas formam obstáculos por vezes insuperáveis. As sequelas de tanta frivolidade, de tamanha banalidade com o conceito de felicidade, acabou por maquiar autoflagelos e nos tornamos mestres em imputar sentenças difíceis de serem cumpridas a médio e longo prazo.
 
É por isso que de tanto ir para fora, de comprar felicidades prontas e plasticamente embaladas, que eu resolvi virar o ano interiorizando fortalezas sem aplausos, corações e joinhas… Apenas me preparando para o que ainda está por vir.  Voltar aos eixos é saber crescer.

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