Largado às traças

Ô ô ô, ô ô ô, a falta de você, bebida não ameniza. Talvez uma música explique o consumo crescente de álcool no país, um aumento de 43,5% em dez anos.

É tanto coração partido por aqui, que sobra mercado para afogar a mágoa e esquecer as decepções de um caso que não vingou, de uma paixão não correspondida, de um amor que terminou… E não segue o baile.

É o fim da linha, a decepção de ter esperado algo mais; esse orgulho ferido, que é a forma mais cruel de ver a si mesmo: abandonado, rejeitado. E para piorar, na rádio, na televisão, no clipe em alta no Youtube e na playlist do serviço de streaming, aquele modão de arrastar o chifre no asfalto.

Tenta esquecer ele, ela, beijando o copo, abraçando as garrafas. Desce mais uma! A solidão é mesmo companheira nesse risca faca. Largado às traças encara a própria imagem no espelho do banheiro enquanto constata o óbvio: você está alto, alta, mas a falta dele, dela, nem toda a bebida ameniza.

Não adianta. Amor, paixão, fogo, tesão –  ou que nome quiser dar para o que existia numa intersecção perigosamente excitante – era o combustível de um motor que precisa bater forte, acelerado na expectativa por uma ligação no meio do dia, por uma mensagem não esperada, um beijo roubado… Maldito sentimento que nunca se acaba!

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