Massacre em Suzano: Sangue, lágrima e números de audiência

Desde o meu trabalho de conclusão de curso, lá em 2005, quando tratei da espetacularização da morte em campo do jogador do São Caetano, Serginho, e seus impactos – positivos e negativos – na ONG que levava o nome dele, tenho especial interesse pelos exageros cometidos por nossa imprensa em grandes coberturas.

Não foi diferente do que vimos ontem, de forma ostensiva, no massacre em uma escola em Suzano/SP. Foi mais uma aula de como não tratar vítimas e familiares, o dedo na ferida em busca de lágrimas, do grito mais alto de desespero.

Foram além da imagem frisada no instante do tiro ou borrada para não revelar os corpos ensanguentados. Correram atrás de famíliares, microfone e câmera ligados, como se furos jornalísticos – leia “sofrimento alheio” – valessem mais do que o fato.

Ilustro esse post com dois vídeos. Infelizmente, não são casos isolados de uma imprensa que parece viver de sangue e que, constantemente, perde a linha diante do calor da notícia. Um famoso apresentador de um programa policial , em determinado momento, soltou um “que imagens horríveis”, para logo em seguida dizer “vamos ver de novo!”. E de novo. E de novo. Assim por umas três horas seguidas. Em outro momento, chegou a mostrar “em primeira mão” as imagens para a mãe de uma das vítimas, mandando ela se preparar, pois “eram imagens fortes”.

Como definiria José Arbex Junior, é “Showrnalismo”… só que do pior tipo.

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