Refém

Não era para eles terem se conhecido, cedido, mas aconteceu e agora ferrou. Cúmplices de um sentimento proibido, sem limites; presos a mensagens deletadas, conversas atravessadas, sussurros e lugares escondidos… Controlar o querer e podar suas vontades.

Longe de ser quem eram em público, de seus papéis sociais, dos personagens criados e que convenciam tão bem… Distantes de julgamentos, ainda que soubessem estar errados, mas não era hora de lembrar disso. Só os dois e mais nada… O suficiente para transportá-los a uma outra dimensão experimentando sensações inexplicáveis.  Ali era diferente, sem estereótipos a serem sustentados, sem uma postura a ser mantida, sem títulos ou disfarces. Era muito desejo e pouca razão.

Até que a coisa desandou e veio o ciúme, a posse, a desconfiança. Como se as coisas não tivessem sido bem conversadas desde o começo… Como se tudo já não fosse complicado demais de esconder.

Um passa a deixar no outro suas marcas. É o batom, um arranhão, um fio de cabelo, o cheiro do perfume, chupões, arranhões. Precisam urgentemente sentar para resolver isso.

– Você me arranha e no final de tudo sou eu quem apanha. Fico inventando sempre uma desculpa estranha pra disfarçar as marcas desse nosso amor.

– Para, por favor!

– Tô falando sério! Pra que se apressar em revelar o mistério?

– Sede de sentimento não é adultério!!!

– Você sempre soube que eu já tinha alguém… Não venha com chantagem, me fazer refém!

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