Braços Cruzados

Eu parei, cruzei os braços, empaquei. Não mexo por nada e daqui, na minha letargia, ninguém me tira. O sinal que mando de reprovação, de discordância, de protesto, de ruptura vêm com silêncio, ausência, omissão. Atraso, falta. Ignorando compromissos estabelecidos e agendas fechadas.

Você que não entende, respeita, valoriza e escuta… Que acha que pode decidir o que devo ou não fazer. Que em assembleias das quais não fui convidado define o momento de estabelecer o caos, de tumultuar a rotina e parar. Desta vez, veja bem, sou eu que parei. Parei de você.

Mas não acho que seja apenas culpa sua. A Greve Geral vem com siglas, associada a grupos, representando alguma coisa que não a “geral” do nome. Quem são eles? Quais interesses trazem além das palavras registradas em cartazes mal impressos?

Que reação provocam no povo dependente dos serviços atingidos? Compreensão e apoio? Será mesmo? Como medem os resultados, o sucesso da ação? Em quem foi mais prejudicado? Quem não conseguiu ir trabalhar ou quem teve que se virar para entregar o prometido? Será que estão mesmo lutando o bom combate, escolhendo as melhores armas, usando as forças que possuem de uma forma socialmente transformadora?

Eu parei de buscar respostas nessa aparente falta diálogo, comunicação e entendimento aos anseios imediatos de uma população que desvia como pode dos obstáculos criados, que precisa sim ir trabalhar, que quer tocar a vida e apenas seguir em frente.

Como escrevi em outros textos, “sem diálogo não há presente e muito menos futuro em perspectiva. Já devíamos ter entendido que não é lá muito efetivo gastar energia pescando dentro do aquário ao qual estamos imersos até o pescoço. [Essa greve] é um barulho que ajuda a mostrar a força do grupo, mas também a disposição dos oponentes. Não tem compreensão, propostas e soluções viáveis com cada um puxando a sardinha para o seu lado“.

Ninguém ganha, todos perdem… São braços cruzados ou uma queda/luta de braço?

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